Pesquisa feita pelo holandês Raymond Verheijen, referência
em preparação física, analisou dados de mais de 27 mil jogos

Vinícius Dias

Na prática, qual é a vantagem em ter um dia a mais de descanso do que o time adversário? Como a necessidade de fazer uma longa viagem afeta o desempenho do visitante? Um estudo conduzido pelo holandês Raymond Verheijen, considerado um dos principais preparadores físicos do mundo, ajuda a responder perguntas como essas. De 2001 e 2011, ele levantou dados de mais de 27 mil jogos disputados no futebol europeu, cruzando tempo de recuperação e resultados.

Atlético e Cruzeiro duelaram em junho
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Fundador da World Football Academy (WFA), Verheijen virá ao Brasil, em 2017, para ministrar curso. A WFA é representada no país pelo Centro de Excelência em Performance de Futebol (Ceperf), coordenado por Francisco Ferreira, que, a convite do Blog Toque Di Letra, analisou alguns tópicos do estudo realizado pelo holandês.

Dados e considerações

"O tempo considerado satisfatório para uma plena recuperação após uma partida é de 72 horas, e deve abranger os três pilares: carga de treinos, nutrição e repouso adequados", inicia o brasileiro.

(Arte: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Verheijen destacou a média em dez anos e, a seguir, traçou cenários com diferentes intervalos entre jogos, pontuando as variações nos resultados. Com mandantes e visitantes tendo dois dias de descanso, por exemplo, a equipe da casa levou a melhor em mais da metade dos duelos. Francisco Ferreira cita possíveis razões: "fator campo; familiaridade com o ambiente da cidade, estádio; a motivação ou pressão da torcida; e as viagens (dos adversários), quanto mais longas, mais cansativas".

(Arte: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

No cenário em que um dos times envolvidos na partida teve dois dias de recuperação e o outro três, o índice de triunfos de quem mais descansou cresceu. "Exatamente a questão do respeito às 72 horas entre um jogo e outro para a plena recuperação", analisa Ferreira, também especialista em treinamento esportivo. O número de embates vencidos por visitantes que tiveram um dia a menos de descanso, por exemplo, ficou 41% abaixo da média geral de resultados.

(Arte: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Por outro lado, quando as duas equipes tiveram pelo menos três dias de descanso entre as rodadas, a variação dos resultados em relação à média não foi significativa. Garantido o prazo ideal de recuperação dos atletas, o aspecto técnico se torna, na prática, o principal diferencial. "A questão é multifatorial, mas, a rigor, é isso", sintetiza Francisco. "Estando igualadas em termos de descanso, a equipe que for melhor terá maior probabilidade de vitória", completa à reportagem.

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