Conterrâneo de Telê Santana, Nilson Cardoso defendeu o Galo
entre 1958 e 1966, marcando 125 gols pelo clube; 49 no Horto

Vinícius Dias

Enquanto o time de Victor e Ronaldinho escrevia, em campo, algumas das estrofes mais emocionantes da história do Atlético, nas arquibancadas, a torcida alvinegra cunhava o temido refrão "caiu no Horto, tá morto". Para Nilson Batista Cardoso, aquele grito inspirava um retorno no tempo. Com vasto repertório, o ex-atacante, hoje aos 75 anos, marcou 125 gols pelo Atlético entre 1958 e 1966. 11º atleta que mais balançou as redes com a camisa atleticana, o itabiritense é, também, o maior artilheiro do clube no Independência, com 49 gols.


"Naquela época, não tínhamos a preocupação de contar os gols. Eu fiquei sabendo (deste recorde) por meio de um recorte de jornal que chegou às minhas mãos, e fiquei muito satisfeito", conta. Uma das vítimas preferidas do centroavante era, justamente, o Cruzeiro, adversário do Atlético nesta quarta: foram oito gols entre 1958 e 1963. "Uma lembrança maravilhosa", pontua Nilson, que, na lista de artilheiros, supera ídolos como Éder Aleixo, com 122 gols, e Diego Tardelli, 107.

Nilson: um artilheiro de alma alvinegra
(Créditos: Arquivo Pessoal/Nilson Cardoso)

Ao mencionar o Independência, estádio-símbolo da ótima fase do clube, o ex-camisa 9 adota o tom saudosista. "Às vezes, passávamos dois meses sem jogar, mas os 49 gols saíram com muita disposição. Nada melhor do que ouvir seu nome gritado lá na arquibancada", afirma. Os ex-atacantes Gérson e Ubaldo marcaram 39 gols com a camisa atleticana no Horto. Do atual elenco, Jô, com 27 gols, e Diego Tardelli, 18, possuem as melhores marcas. "Pode ser que daqui um, dois anos, eles cheguem", opina Nilson, assinalando o recorde.

'Hoje eu ganharia dinheiro'

Além de gols, ele também empilhou amizades. "Brincam comigo que se eu estivesse jogando hoje, eu estaria na Europa ganhando dinheiro. Porém, uma coisa boa é lembrar dos amigos que marcaram minha vida", destaca. Na lista estão nomes como o ex-meia Ilton Chaves e o ex-goleiro Marcial, além de Procópio Cardozo e do lendário Dadá Maravilha, campeão mundial em 1970 com a seleção.

Em Itabirito, ex-jogador exibe memórias
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

No caso de Procópio, nem mesmo a distância enfraqueceu a amizade. Pelo contrário, cultivou a saudade. "(Nilson) é uma pessoa que sempre admirei. Além de um amigo de verdade, um atacante que jamais se omitia, muito participativo e que jogava para o time. Era uma referência", recorda o ex-zagueiro. "Nós jogamos juntos várias vezes no Atlético, fomos campeões mineiros (em 1962 e 1963) e saíamos juntos nas horas vagas. Era muito bom", acrescenta Procópio.

Dadá: da amizade à idolatria

"Se eu sou o 'Rei Dadá', hoje, eu tenho que agradecer muito ao Nilson". Segundo maior artilheiro do time alvinegro, com 211 gols, Dadá Maravilha também faz questão de reverenciar o itabiritense. "Além do grande atleta que foi, é uma pessoa nota dez, e falar dele é uma honra. O Atlético me contratou muito pela opinião dele", argumenta. Companheiro de Dario no Campo Grande/RJ, no início de 1967, Nilson foi o responsável por, meses depois, indicá-lo ao clube do coração durante uma conversa informal com diretores atleticanos.

Atlético, em 1962: time campeão mineiro
(Créditos: Arquivo Pessoal/Nilson Cardoso)

A trajetória de Nilson Cardoso no futebol foi iniciada logo aos 13 anos, no União Sport Club, de Itabirito. Membro da geração que sucedeu a de Telê Santana nos gramados da cidade natal, o jogador chegou ao Galo aos 18 anos, e foi campeão mineiro em 1958, 1962 e 1963. Quando perguntado sobre o duelo desta quarta, mede as palavras. "A gente fica preocupado, mas, com certeza, vou torcer para o Atlético", pontua, rejeitando qualquer palpite sobre o resultado.

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