Torcedor que acompanha o dia a dia do clube celeste há 24
anos recorda histórias de amizade com atletas e dirigentes

Vinícius Dias

Quase sempre, ele é um dos primeiros a chegar à Toca da Raposa II. Em sua relação de amigos e conhecidos, figuram nomes como os de Ronaldo Fenômeno, Ricardo Goulart e Fábio. Apesar da proximidade física, Rodrigo Antônio dos Santos Freitas, de 32 anos, desconhece o luxo que marca a vida dos jogadores de futebol. No visual do popular Buiú, glamour e belas chuteiras dão espaço a roupas desgastadas pela ação do tempo. "Quando não venho aqui na Toca, parece que eu perdi o dia, porque o meu lugar é aqui", observa.


O cruzeirense, que acompanha o dia a dia da equipe desde 1990, quando ainda tinha oito anos, teve o braço direito amputado em 1994. "Fui subir num ônibus, o motorista arrancou, e caí no degrau. A roda veio na minha cabeça. Graças a Deus, eu consegui desviá-la, mas, na hora que ia tirar o braço, a roda passou por cima", relembra. Aposentado por invalidez, Buiú trata o CT do clube como sua segunda casa. "Quando o pessoal viaja, fico sem saber para onde vou", conta.

Buiú faz da Toca a sua 'segunda casa'
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Em dias de treinos, alegria é sentimento estampado no rosto do torcedor, que reside em um bairro na Região da Pampulha. "Já entrei (no CT), mas prefiro ficar aqui, do lado de fora, porque gosto de auxiliar para ninguém fazer 'bagunça'", conta. Mesmo com uma vida sem regalias, Buiú costuma frequentar o Mineirão. Para driblar o alto preço dos ingressos, recorre aos velhos amigos da Toca. "Às vezes, eles me dão. Valdir Barbosa, diretoria", conta, com o bom humor tradicional.

Fábio: ídolo e companheiro

Dono de uma lista de amigos invejável, o torcedor destaca a ótima relação com o goleiro Fábio, que, durante dois anos, o ajudou a custear o aluguel do cômodo onde mora. "Hoje, cheguei perto dele e falei que não precisava mais, mas sempre que eu preciso ele me dá a mão, ele me ajuda". Com o avançar do diálogo, ainda surgem nomes como o do atacante Dagoberto. Para Buiú, mais do que ídolos, parceiros. "A alegria deles é minha alegria", conta, confiante no tetra nacional.

Capitão é tratado por Buiú como amigo
(Créditos: Gualter Naves/Light Press/Textual)

No embate deste domingo, a paixão pelo Cruzeiro vai colocar Buiú no lado oposto ao de um de seus grandes amigos no futebol: o diretor de futebol atleticano Eduardo Maluf. "O Malufão é meu pai", diz, antes de minimizar o cenário de rivalidade. "A amizade é assim. Eu sou cruzeirense, ele está no Atlético. Não gosto dessa história de torcidas brigarem, por que isso gera muitos crimes. Tenho amigos no Atlético, América. Em geral, quem passa por aqui é amizade que se faz".

Homenagem de Maurinho

Os trejeitos de Buiú já valeram de inspiração para a comemoração de gol. Depois de abrir o placar no duelo contra o Juventude, pela 37ª rodada do Brasileiro de 2003, o lateral-direito Maurinho homenageou o torcedor. "Ele pôs o braço para dentro da camisa para comemorar aquele gol. Quando perguntaram a ele para quem tinha sido o gol, ele falou que era para mim", lembra. "Eu estava no Mineirão e fiquei emocionado. Tenho muita saudade do Maurinho", acrescenta.

'O negócio é viver o Cruzeiro', diz Buiú
(Créditos: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

A saudade entrecorta o tempo. Contempla de Ronaldo Fenômeno, que ele conheceu quando começou a frequentar o clube, Paulinho McLaren e Célio Lúcio ao ex-goleiro Andrey. "São todos amigos que fiz", registra. E ainda comenta a oportunidade que teve, em agosto, de rever o ex-goleiro Paulo César Borges, que defendeu o clube nos anos 1980 e 1990. "O negócio é viver a vida, vivendo o Cruzeiro Esporte Clube sempre", conclui, um tanto quanto esperançoso.

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