Antes do sócio, o torcedor!

Vinícius Dias

"O torcedor precisa se acostumar, cada espetáculo tem o seu preço. Um show do Chitãozinho e Xororó não tem o mesmo preço de um show do Pavarotti quando estava vivo". A metáfora usada por Zezé Perrella para justificar o súbito aumento dos preços dos ingressos para a semifinal da Libertadores, em 2010, ajuda a explicar o domingo de Mineirão vazio na estreia do Cruzeiro em 2014.

11.843 pagantes assistiram ao bom início do time celeste, em especial no primeiro tempo. Velocidade, trocas de passe, intensidade e, sobretudo, o entrosamento, que parece ter sido conversado. Mas o público poderia ter sido melhor. A reestreia de Marcelo Moreno e o reencontro com a equipe tricampeã. Motivos para o cruzeirense ir ao estádio, não fosse um preço médio de R$ 105.

Gol de Goulart, no Mineirão 'vazio'
(Créditos: Washington Alves/Textual)

Ao praticar valores de Campeonato Brasileiro (que, em 2013, teve preço médio de R$ 124), o clube confirma a postura de ampliar o programa de sócios-torcedores. Entre as várias categorias, ser associado significa ter comodidade e ingressos garantidos/com desconto. O programa é bom. O principal erro está na forma como o Cruzeiro trabalha a busca por novos associados.

Chance ao torcedor...

Com bom elenco, os títulos parecem naturais e o retorno é questão de tempo. O Mineiro deveria ser o momento dos ingressos mais baratos, de oferecer aos torcedores de menor potencial aquisitivo a chance de ir ao estádio. Afinal, um produto que não é visto - no caso da ida ao estádio, consumido -, não é desejado.

Para bom leitor, o Mineirão vazio deixa um recado. Na busca por sócios, incentivar o torcedor, tirá-lo da "zona de conforto" e da emoção pela TV pode ser um bom caminho.

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